Resenha: A Queda

Título: A Queda
Autor: Diogo Mainardi
Editora: Record
Ano de publicação: 2012
Páginas: 150

Nota: 4,5/5

Diogo Mainardi é conhecido em todo o país por seus comentários ácidos e polêmicos sobre a política nacional. Reacionário assumido, ele diariamente publica notas e colunas descascando personalidades da esquerda e esbravejando contra as práticas populistas que encontramos pela América Latina. No entanto, em A Queda conhecemos um Mainardi que não está lutando contra Lula ou Dilma, mas sim vivenciando uma história trágica mas ao mesmo tempo belíssima: a jornada de seu filho Tito, que nasceu com paralisia cerebral por causa de um erro médico.

É claro que o tom provocador e irreverente do autor ainda é claramente perceptível no texto, porém sua tão característica ironia vem carregada de emoção e paixão visceral pelo filho, que muda completamente a vida da família, ensinando-a lições mais valiosas que qualquer intelectual poderia imaginar.

A estrutura do livro é bem peculiar, ordenado por 424 notas (chamadas de passos pelo autor), que narram desde o nascimento de Tito até os dias atuais. Mainardi intercala a história de seu primogênito com a história mundial, revisitando a política higienista de Hitler que matou e perseguiu milhares de deficientes na Alemanha do Século XX. Diogo também insere diversas referências artísticas, como a arquitetura de Pietro Lombardi, a pintura de Rembrandt, a literatura de Marcel Proust, a música de U2, entre diversas outras obras e artistas. 

Em todo o texto há a presença da queda: Tito não consegue andar com facilidade, o que o leva ao chão diversas vezes. Essa metáfora conversou muito comigo e foi inevitável não relacioná-la com o cristianismo, religião que confesso e professo. Todos nós caímos com Adão e desde então a nossa vida tem sido um eterno cair e levantar. A nossa luta é para se manter de pé, mas como? Todos os dias caímos, beijamos o pó. Talvez o segredo esteja em nunca desistir de se levantar mais uma vez.

No geral, trata-se de um livro muito bem escrito em que podemos conhecer o autor por outro prisma. A sensibilidade trazida por essas páginas nos faz refletir sobre o que de fato importa na vida, sobre como só nos doamos totalmente quando o que está em jogo é o amor. Amor incondicional por quem o mundo não respeita e não faz questão. Aqui eu faço mais uma relação com a Fé, relembrando que Cristo nos amou mesmo quando ainda éramos caídos e não nos importávamos com Ele. Que nós sintamos esse calor no coração toda vez que vier à nossa mente o sacrifício expiatório do Homem-Deus e que nunca deixemos de nos inspirar em seu amor e doação. O nosso próximo está esperando por isso.

Comentários

  1. Oi Jessé!

    Que lindo seu texto, gostei muito das conexões que você fez entre o assunto da obra e o cristianismo (temos mesmo que apreender recomeçar/levantar vez após vez).

    Não conhecia a obra e nem o autor, dica anotada.

    Abs.

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    Respostas
    1. Olá, Kelly!

      Muito obrigado. Realmente precisamos entender que a vida é um eterno cair e levantar-se. Isso nos deixa mais humildes e nos ensina a recomeçar sempre que necessário.

      Obrigado mais uma vez pelo comentário. Abraço!

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