Resenha: O Retrato de Dorian Gray

Título: O Retrato de Dorian Gray
Autor: Oscar Wilde
Editora: BestBolso
Páginas: 240

Nota: 5/5


Dorian Gray era um jovem ingênuo e influenciável que, apesar de ter consciência de sua extraodinária beleza, nunca pensara ou agira de modo a usá-la em proveito próprio. Tudo muda quando o seu amigo Basil Hallward, um pintor renomado, decide pintá-lo em um quadro que seria a sua obra-prima. Basil fica encantado com a beleza do rapaz e torna-o o seu ideal de arte. Nesse processo, Lorde Henry Wotton acaba se aproximando do jovem por intermédio de Basil, e aí tudo muda na vida e na mente de Dorian.

Ser o ideal de arte de alguém certamente mexeu com o ego do rapaz, mas o que mais o transformou foram as ideias hedonistas de Lorde Henry, que tinha como lema de vida o prazer. Ele apresenta a Dorian uma filosofia de vida pautada nas sensações e no evitar o sofrimento, que para Henry é a única coisa de fato ruim no mundo e que não deve ser vivenciada, nem sequer comentada. Por isso, Dorian se dá conta que sua vida bela e jovem não é eterna e que um futuro de velhice e dor o aguarda. Desesperado, ele passa a sentir inveja do quadro que seu amigo Basil pintou, onde a sua beleza permaneceria eternamente intocável. Movido por esse sentimento, ele faz uma prece para que seja eternamente jovem e belo, assim como o quadro, porém ele não imaginava que esse pedido seria atendido.

A partir dali, todos os efeitos do tempo passarem a ser sofridos pelo retrato, enquanto Dorian mantinha-se belo e jovem, vivendo uma vida hedonista e não se preocupando com nada nem ninguém a não ser ele mesmo. Além disso, as marcas dos seus vícios e pecados passam a ser registradas também no quadro, o que mantém a aparência ingênua e angelical do rapaz quando, na verdade, ele já tornou-se um monstro por dentro.

A vida de Dorian Gray passa a ser um furacão, e todos que passam a tê-lo em sua companhia sofrem coma sua influência negativa e rasteira. Todos aqueles que tentaram ser seus amigos o abandonaram no caminho, todas as moças que por ele se apaixonaram acabaram com a vida destroçada, sem respeito e lugar na sociedade. No entanto, nada disso abala Dorian, que sempre encontra uma desculpa pra culpar os outros e não admitir que arruinou a vida de todos os que antes lhe prestaram algum tipo de cortesia.

Oscar Wilde nos presenteou com uma história que, apesar de escrita no século XIX, continua bastante atual. Até que ponto vale a pena viver baseado em si mesmo? Qual é o preço a ser pago por uma vida hedonista? Compensa viver pelo prazer até as últimas consequências?
Todo a obra é recheada de debates filosóficos que nós, cidadãos do século XXI, continuamos discutindo e reletindo. Há muitos aforismos nos diálogos entre Lorde Henry, Dorian e Basil, cada um representando um papel universal. Todos temos vícios, o que muda é a forma como lidamos com eles. Alguns os escondem, outros os tratam e ainda outros encaram-nos como as suas principais qualidades.

No geral, tenho esse clássico como um diagnóstico da alma humana: todos temos nossos esqueletos no armário, segredos que não queremos que ninguém saiba para mantermos a nossa reputação, mas qual seria a melhor forma de lidar com eles? Isso cada um pode responder por si mesmo, mas uma coisa é fato: uma hora a cobrança chega e a forma como você escolher lidar com isso fará toda a diferença quando definirem o preço a se pagar. 

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