O dia em que esqueci a cruz


Sempre gosto de usar um crucifixo no pescoço. Acho que é um símbolo de fé e uma forma de testemunhar a vida de Cristo em mim. Porém, um dia, enquanto pegava o metrô para ir ao trabalho, notei que havia esquecido o meu crucifixo em casa. Fiquei apreensivo. Não é como se eu esperasse alguma proteção do objeto, mas é que a sensação da pequena cruz de madeira contra o meu peito me lembrava da obra redentora do Messias e ratificava em mim a certeza do que Cristo é, faz e fez por todo o mundo.

A partir desse meu lapso de memória, me vi refletindo sobre quantas vezes eu já havia esquecido ou deliberadamente largada a cruz de Cristo. Não uma pequena cruz de madeira em um cordão, mas a cruz de fato, aquela em que, no Calvário, Jesus se entregou por mim e por todos os meus pecados. Quantas vezes eu escolhi pecar em detrimento de obedecer a vontade de Deus? Quantas vezes eu ignorei o problema e pequei por não fazer o bem, deixando de estender a mão ao meu irmão necessitado? Quantas eu vezes eu dei mais importância a mim mesmo do que a Deus?

Nós somos especialistas em virar as costas para o Pai, a nossa natureza todo dia quer nos afastar dEle. É bem por isso que Ele nos enviou o seu Espírito Santo, que nos capacita e nos mantém na fé para a salvação. O próprio Deus que nos salvou e nos amou enquanto ainda éramos pecadores, agora trabalha ativamente para que sejamos constantes e firmes em seu propósito. Tudo é dEle, por Ele e para Ele. A obra da salvação é tarefa exclusivamente sua, nós só a recebemos.

Em um mundo em que não temos silêncio nem descanso, fica ainda mais fácil esquecermos da cruz e seguirmos preocupados com as nossas próprias mesquinharias. Precisamos lembrar do chamado radical de Cristo:

Então Jesus declarou aos seus discípulos: “Se alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me acompanhe. Porquanto quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, encontrará a verdadeira vida. 
(Mateus 16:24-25)

O Mestre está nos convidando a abri mão da própria vida ao ponto de entregá-la a morte se for preciso, assim como Ele entregou. É um amor e um compromisso tão intenso que não mede esforços para se doar pelo Pai e pelo nosso próximo, sempre por amor. É preciso que todo dia nos lembremos da cruz e nos agarremos a ela, crendo que a obra salvífica de Cristo nos garante salvação, fé e perdão por toda a eternidade. Que os barulhos e incoerências da pós-modernidade não sejam mais atrativos que o Homem-Deus pendurado no madeiro.

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